domingo, 15 de janeiro de 2012

Resenha de Filme: Almodóvar dispensa simbolismos em seu novo filme.

Em "A Pele que Habito", Almodóvar abandona os simbolismos característicos de seus filmes. Objetos são apenas objetos, situações realmente acontecem, por mais incrédulas que possam parecer, e se encaixam perfeitamente em um filme de terror "sem sustos ou gritos", como o próprio cineasta espanhol o definiu, baseando-se no livro "Tarantula", do escritor francês Thierry Jonquet. O cirurgião plástico Robert Ledgard (Antonio Banderas), após perder sua esposa em um trágico acidente, decide criar uma pele humana artificial, mais forte e resistente, usando DNA de pessoas e suínos. Desde o início, percebemos que Robert quer recriar sua mulher, usando uma cobaia muito incomum. O início confuso do filme, com cenas alternadas que a princípio não se encaixam, vai tomando um contexto forte e os mistérios vão sendo desvendados de forma coesa, embora a megalomania do cineasta possa ser enxergada nesses momentos cruciais. Se em "Abraços Partidos" Almodóvar abre mão da ação para a história ser contada através de símbolos, apelando muitas vezes para a capacidade dedutiva do espectador, em "A Pele que Habito" ele faz exatamento o contrário. Tudo é explicado minuciosamente, até porque há essa necessidade. Os objetos não são simbólicos, eles são realmente usados. A navalha é usada, os falos são usados e o plano nada convencional do Doutor Robert é executado, lembrando a velha história de Frankenstein. Contando uma história com seu jeito bem peculiar, Almodóvar conseguiu novamente ser genial.

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