terça-feira, 31 de julho de 2012

Mil Tons Para Comemorar.

Na estrada de fazer o sonho acontecer, ele cantou com maestria e tocou as nossas almas, e esse é um ano de comemorações na vida desse gênio da MPB. Mais que homenageá-lo devemos agradecê-lo. Agradecer a Milton Nascimento, por tantas vezes com a sua voz única e envolvente, como o aconchego de um café da tarde mineiro, embalar os nossos bailes da vida, por ser a dose mais forte e lenta de emoção, de paz e amor, por nos ensinar a guardar nossos bons e velhos amigos no lado esquerdo do peito e por nos encorajar a andar por esse mundo loucos, doidos e soltos, com sede de amar. Pois, venha o que vier, ele sempre será o nosso querido Bituca, o menino nascido no Rio de Janeiro e criado em Três Pontas no Estado de Minas Gerais, um dos melhores compositores brasileiros que encoraja e apoia novos artistas a darem seus primeiros passos, sendo referência cultural e artística nacional. E nos trilhos de sua história de sucesso, a humildade e o amor pela música renderam-lhe discos premiados ao longo de sua carreira. Compositor de grandes canções como "Travessia" que, em 67 ficou em segundo lugar no Festival Internacional da Canção, abrindo portas para a gravação do seu primeiro disco. Mais tarde, em 72, já em Belo Horizonte com Lô Borges, lança o disco duplo "Clube da Esquina" e em 78 o segundo volume do álbum contou com participação de Elis Regina e Chico Buarque. Em 98, o disco "Nascimento" recebe o Grammy de "Melhor Álbum de World Music", em 2000, Milton recebe o Grammy Latino de "Melhor Disco Pop Contemporâneo Brasileiro" pelo disco "Crooner" e em 2004 mais um Grammy Latino, só que desse vez na categoria "Melhor Canção", com a música "Tristesse". O que nos resta é dizer: Parabéns pelos seus 70 anos de vida, 50 anos de carreira, 45 anos de "Travessia", e 40 anos do Clube da Esquina. Nós brasileiros é que estamos ganhando os presentes dessas comemorações. O primeiro deles é a turnê "50 Anos de Carreira" que passará por São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Rio de Janeiro, e ainda a "Abril Coleções" colocou no mercado um box com 20 discos que reúne mais de 250 músicas de sua carreira. Muito bom saber que teremos mais de Milton para adoçar nossos dias. Orgulhamo-nos da sua obra, da sua melodia e da sua essência. Querido Bituca, é assim que te queremos, soltando a voz nas estradas e a gente sonhando, sonhando...

Coluna assinada por Ludimila Marinho.

domingo, 29 de julho de 2012

Resenha de Disco: Quinteto Violado Homenageia Dois Gênios da Música Brasileira em Belo Disco.

Quando um grupo como o Quinteto Violado resolve homenagear dois dos maiores artistas brasileiros, fazendo uma releitura de suas canções, podemos esperar coisa boa. No caso, essa homenagem se chama "Quinteto Violado Canta Adoniran Barbosa e Jackson do Pandeiro". O Quinteto Violado é um grupo pernambucano formado no início dos anos 70, caracterizado por buscar inspiração nas sonoridades nordestinas e no folclore brasileiro. Dessa forma, conseguiram incorporar sua identidade sonora em algumas das obras do "Poeta do Bixiga" e de Jackson do Pandeiro, cujas músicas já faziam parte do repertório do grupo desde o início da carreira. Da obra de João Rubinato, ou Adoniran Barbosa, pode-se encontrar no álbum "As Mariposas", "Prova de Carinho", "Apaga o Fogo Mané" e a clássica "Trem das Onze". Já "O Canto da Ema", "A Mulher do Aníbal" e "Cabo Tenório" se destacam entre os sucessos regravados de Jackson do Pandeiro, nome artístico de José Gomes Filho, também conhecido por "Rei do Ritmo". O grupo levou o prêmio de "Melhor Grupo Regional" em 2011 no Prêmio da Música Brasileira pelo álbum e recebeu excelentes críticas pela mídia especializada. Unir esses dois artistas em um mesmo disco é muito pertinente, já que suas músicas passeiam pelo cotidiano, pela vida de personagens incomuns, usando humor e irreverência para narrar histórias cheias de significados. Com esse trabalho, o Quinteto Violado consegue não só homenagear dois gênios da música brasileira, como transparece toda sua capacidade cultural ao mostrar que não se acomodou com o tempo e ao fugir dos modismos da indústria musical, conseguem manter sua bela personalidade.

Resenha escrita por André Ciribeli.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Vida, Dor e Amor em Cores de Frida Kahlo.

Auto-retratos, cores, natureza, amor e dor é o que encontramos nas ricas obras de Frida Kahlo, mulher de personalidade, em que vida e obra são facilmente confundidas. Considerada por muitos a pintora do século XX, Frida Kahlo, mexicana nascida em Coyoacán próximo à Cidade do México, em 06 de Julho de 1907, teve sua vida marcada por problemas de saúde e sofrimentos amorosos. Lapidou desde cedo seu dom artístico com o auxílio do professor Fernando Fernandez, mas afirmava que não pretendia encarar a arte como carreira. Após um acidente de bonde, Frida se feriu gravemente, passando por diversas operações e por muito tempo convalesceu em seu leito, onde foram adaptados um espelho e um cavalete, para que ela pudesse pintar, com as tintas do pai, expressivas obras (auto-retratos em sua maioria, como a obra ao lado "Auto Retrato Dedicado ao Dr. Eloesser"), cheias de cores e muitas vezes fazendo referências naquele momento, como por exemplo o quadro "A Coluna Partida", em que se pinta com seu colete cervical. Em seu diário, Frida explicava o sentido de cada cor que usava, sendo importante sabê-las para entender os sentimentos que ela dispunha para pintar suas telas. Havia quem dissesse que ela era pintora surrealista, mas a mesma chegou a afirmar que não, que só pintava a realidade. A pessoa que mais marcou sua vida foi sem dúvida, o também pintor Diego Rivera, com quem se casou em 1929. O relacionamento foi muito conturbado, marcado por traições, tentativas de suicídio e abortos (devido a fragilidade da saúde de Frida). Mas, Diego era o amor de sua vida. A paixão por Rivera foi inspiração para a criação das obras "Diego e Eu" e "Diego em Meu Pensamento". Frida foi mais que uma artista, foi uma mulher expressiva, de personalidade forte, politicamente engajada (pertencia ao Partido Comunista) e se orgulhava imensamente de seu país, transpondo as riquezas culturais mexicanas em suas obras. Em Julho de 1954, Frida vem a falecer. Quatro anos mais tarde, a Casa Azul, lugar onde morou, tornou-se o Museu Frida Kahlo, onde suas telas estão expostas. Se existe alguém que viveu intensamente mesmo diante dos percalços da vida, esse alguém é Frida Kahlo. "Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". Frida Kahlo.

Coluna assinada por Ludimila Marinho.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Um Ano Sem Amy Winehouse.

Na semana em que se completa um ano da morte de Amy Winehouse, a celebração na mídia de sua curta carreira faz reacender a sua importância para a música. Em minha opinião, mais importante é entender o que ela foi pra mim, seu fã declarado. Ouvindo novamente o primeiro verso de "Love is a Losing Game", é impossível não encarar a como um epitáfio de sua própria vida: sim, Amy foi uma chama, que acendeu e apagou rapidamente, mas cuja intensidade deixou marcas profundas em todos, nos que gostavam e nos que não. Mas, o que ela tinha de diferente? Amy era uma drogada? Sim. Amy era instável? Sim, ainda bem. Em um mundo onde reina o falso puritanismo, a música e toda a arte se rendem a artistas planejados em cada detalhe para o sucesso, como se saíssem de uma mesma fábrica, feitos em série. Nessas circunstâncias, Amy foi um sopro de autencidade, uma chama de verdade no mercado fonográfico. Seus demônios e seus amores estavam ali, todos expostos em suas letras e apresentações ao vivo. Ninguém se doou tanto quanto Amy e, aqueles como eu, que tiveram a oportunidade de vê-la e ouvi-la, sabem que outra como ela será difícil de encontrar. O que Amy tinha de diferente era a honestidade, que aliada a uma voz incrível e um talento sem precedentes, a transformaram na lenda que ela é hoje. Amy foi rápida demais, intensa demais e, para nós, simples mortais, nos resta celebrar a música de quem ofereceu tanto de si, de forma sincera, apaixonada e inesquecível. Muito obrigado, Amy Winehouse.

Texto de Rafael Tavares.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Simone e Zélia Duncan Unem Repertórios em Show e Mostram a Beleza de Fazer o Que se Gosta.

Na música internacional isso é de praxe, os famosos "featurings" são quase uma obrigação em todas as gravações do mercado fonográfico norte-americano. No Brasil, essas participações especiais são bem mais orgânicas, já que o cenário musical nacional sempre foi pautado por parcerias que deram e continuam dando certo. Talvez seja essa característica de arte colaborativa que deu ao show "Amigo é Casa", de 2008, de Simone e Zélia Duncan, o clima de celebração no estilo da apresentação das duas. É certo que a combinação rendeu um espetáculo de uma beleza sem tamanho, que deixou visível a alegria delas em estarem ali, dividindo o palco e suas canções. Simone e Zélia fazem um show para elas mesmas, um espetáculo vivo, honesto e apaixonado. E quem ganha somos nós. Comentar a biografia de Zélia Dunca e, principalmente, de Simone, é indispensável, pois ambas deixaram marcadas na música brasileira suas passagens com hits em diferentes gerações, a Cigarra então (como Simone é carinhosamente chamada), pode ser considerada uma lenda viva (e ativa) da MPB. Já comentar o repertório do show, que une grandes músicas de suas carreiras paralelas, é tarefa árdua. Grandes canções de autoria delas e também de outros nomes da música nacional, como Caetano Veloso e Gonzaguinha, ganham interpretações emocionantes. Em uma tentativa (inútil) de citar um destaque do show (ele é destaque por inteiro), ouça (e veja) a suave e encantadora interpretação de "Idade do Céu", versão de Paulinho Moska para uma música de Jorge Drexler, e também "Não Vá Ainda", do repertório de Duncan. Se na música internacional as parcerias na maioria das vezes soam como tática para vender mais, aqui no Brasil os encontros como o de Zélia e Simone vão pela contramão, mostrando que a parceria (e a amizade) é verdadeira e apaixonada.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Resenha de Filme: "Persepolis" Leva, de Forma Inteligente e Emocionante, a Biografia de Marjane Satrapi Para as Telonas.

Baseado nas publicações em quadrinhos lançadas em 2002 pela iraniana Marjane Satrapi, "Persepolis" é a autobiografia da mesma que ganhou as telonas em forma de animação em 2007, dirigido por Satrapi e pelo cartunista Vincent Paronnaud. O filme foi sucesso absoluto de crítica, ganhando o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e sendo o representante oficial da França no Oscar, embora tenha concorrido apenas na categoria de Melhor Animação. O filme narra a vida de Marjane (voz de Chiara Mastroianni), filha de intelectuais que vive na pele as transformações sociais do Irã a partir de 1978 até os anos 90. O início do filme trata da população exigindo a renúncia do ditador Xá Reza Pahlavi, o que de fato aconteceu. Porém, dá-se início à época dos aiatolás, tendo Ruhollah Khomeini como o principal comandante e assim, a liberdade individual de cada um inevitavelmente fica comprometida. O que se usa, o que se ouve e aonde se vai, tudo passa a ser controlado. Aborda-se também o conflito com o Iraque, as proibições impostas à mulher e o incentivo da entrada do homem para o exército em troca do Paraíso. Marjane, no meio dessas situações, se impõe e em momento algum se mostra passiva aos acontecimentos. Sua educação foi aberta, onde desde criança já tomava conhecimento da situação política de seu país e incentivada a não se deixar rebaixar, mas ser sempre correta em suas atitudes, custe o que custar. O filme também conta os anos em que Marjane passou na Áustria, onde segundo seus pais estaria mais segura, mas ela percebe que seu país de origem estará arraigado nela aonde quer que seja. Não é preciso entender a fundo a política no Oriente Médio para gostar de "Persepolis", pois o filme consegue explicar bem o contexto da época, de forma coesa e nunca enfadonha. "Persepolis" é um grande filme, uma animação voltada mais para o público adulto, que possibilita uma reflexão social sobre costumes, ideais políticos e valores morais, enquanto emociona e diverte.

Resenha escrita por André Ciribeli.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Resenha de Disco: Cris Braun Apresenta Seu Pop Genuinamente Brasileiro no Disco Fábula.

Há quem ache que fazer música pop atualmente no Brasil é, de alguma forma, copiar ou se aproximar o máximo possível do pop americano. Ainda bem que alguns artistas da nova geração não tomam isso como regra e criam pérolas musicais que são populares ao mesmo tempo que se aproximam de ritmos regionais, que são a cara do nosso país. Prova disso? Ouça os trabalhos de Céu, Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Mallu Magalhães...a lista é praticamente infinita. Para engrossar ainda mais esse delicioso caldo, Cris Braun e seu álbum "Fábula", de 2011, recentemente disponibilizado pelo site Musicoteca, trazem o que há de melhor na nossa música pop, sem deixar de lado a riqueza sonora do nosso país. Compostas por grandes nomes nacionais, como Wado, Lucas Santtana, Marina Lima e Alvin L, todas as canções possuem talento tanto para as rádios e novelas como para ouvidos mais exigentes. A capacidade de agradar gregos e troianos mostra a capacidade e segurança de Cris Braun para flertar com os diferentes ritmos, destaque para "Deve Ser Assim", cantada de forma passional por Cris. Apesar de não ser um nome muito divulgado na mídia tradicional, a cantora (que nasceu no Rio Grande do Sul e atualmente vive em Maceió) sempre fez parte do primeiro time do cancioneiro nacional: já teve música em novela, fez parte da geração do rock nacional dos anos 80 e 90 (na banda Sex Beatles) e ganhou em 1998 o prêmio de revelação da JB FM. "Fábula" é um grande disco, uma doce mistura entre o pop e a MPB, parada obrigatória para quem gosta da genuína música POPular brasileira. 

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Um Pedaço do Céu com Notas de Arte, Sabores e Surpresas. Eu Vos Apresento: Inhotim.

Gosta de viajar, comer bem? Se encantar pela natureza e pelas belezas criadas por Deus e pelo Homem, se surpreendendo a cada passo? Gosta de respirar ar puro? Agora imagina tudo isso em um mesmo lugar com direito a um Jardim Botânico com o maior número de espécies de plantas vivas entre os jardins botânicos do Brasil (são mais de 4200 espécies), um acervo de arte contemporânea que reúne cerca de 500 obras de mais de 100 artistas de diferentes países, além de restaurantes, bares, pizzarias e cafés que oferecem em seus espaços sofisticados e acolhedores os mais diferentes e inigualáveis sabores. Sim, esse lugar existe e não poderia ficar em outro lugar a não ser no belíssimo Estado de Minas Gerais, na cidade de Brumadinho, a 50 km da capital Belo Horizonte. Sejam todos bem vindos a Inhotim. Idealizado pelo empresário Bernardo Paz na década de 80, o espaço que era privado na época, foi se transformando ao longo dos anos até que em 2002 se tornou o Instituto Cultural Inhotim. Além de receber um incremento em seu acervo botânico (destaque para os geniais pitácos de Burle Marx que contribuíram para o projeto paisagístico inicial, em 84) foram construídas edificações que hoje abrigam instalações artísticas como "Desvio Para o Vermelho" e "Através" de Cildo Meireles, "True Rouge" do pernambucano Tunga, "La Intimidad de La Luz en St. Ives" do argentino Victor Grippo e "Máquina do Mundo" de Laura Vinci. Espalhadas pelos belíssimos jardins do Instituto nos surpreendemos com obras de Edgard de Souza, Yayoi Kusama, Simon Starling, Jarbas Lopes e de outros grandes artistas. Destaco aqui a instalação permanente de Hélio Oticica, "Penetrável Mágic Square #5", cartão postal de Inhotim. E para quem gosta de experimentar novas sensações não pode deixar de visitar a obra de Olafur Eliassom, "By Means of a Sudden Intuitive Realization", uma combinação de elementos que despertam a curiosidade e instabilidade visual, causados pela luz estroboscópica e pelo jato d'água que estão abrigados em um iglu branco feito de fibras de vidro. Natureza, arte contemporânea e gastronomia. É ou não um pedaço do céu?

Coluna assinada por Ludimila Marinho.

Conheça a Mais Nova Integrante da Equipe Esfinge Cultural: Ludimila Marinho.

Buscando cada vez mais incrementar o nosso Blog, eis que surge mais uma integrante: Ludimila Marinho. Formada em Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa e Pós - Graduada em Moda, Cultura de Moda e Artes pela Universidade Federal de Juiz de Fora, essa mineira de 24 anos, amante das formas inteligentes de se fazer arte, integra nossa equipe com a proposta de trazer o melhor da arte como entretenimento, com uma linguagem informal mas, dinâmica, divertida e cultural, conferindo um ar feminino ao nosso trabalho. Seja bem vinda ;)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Resenha de Filme: "Inquietos" Mostra Que Um Filme Adolescente Pode Ser Maduro e Inteligente.

É notável a falta de qualidade e maturidade dos filmes atuais feitos sobre (e para) adolescentes: High School Musical é o maior exemplo de como o público jovem tem sido cada vez mais infantilizado pelo cinema. Ou pior: como cada vez mais crianças são transformadas em adolescentes fora da hora, mas isso é assunto para outra resenha. O que quero dizer é que Hollywood mostrou, em sua maioria, improdutiva para filmes jovens que fossem maduros e inteligentes. A sorte é que Gus Van Sant, um dos maiores cineastas da cena independente americana, carrega - firme e forte - o duro fardo de ser um dos poucos (quiçá o único) nos Estados Unidos que consegue articular, em um mesmo filme, maturidade e inteligência em histórias adolescentes. Para quem conhece pouco, Gus é o diretor de dois clássicos do cinema jovem: "Paranoid Park" e "Elefante", além de ser a mente por trás do aclamadíssimo "Milk". Em "Inquietos", o cineasta mostra mais uma vez que há vida inteligente na adolescência, ao contar a história de um casal jovem sem imbecilizá-los. No filme, Henry Hooper interpreta Enoch Bae, um jovem que perdeu a fé na vida ao ficar órfão e passa a viver isolado, com seu amigo fantasma Hiroshi, um piloto kamikaze da Segunda Guerra, tendo como hábito invadir funerais de desconhecidos. Em um desses funerais, ele conhece Annabel (Mia Wasikowska, também em "Alice no País das Maravilhas" de Tim Burton), vítima de um câncer em estágio terminal. Daí surge uma amizade que logo se transforma em namoro, e Gus Van Sant poderia facilmente transformar essa história em um dramalhão (aliás, qualquer diretor menos experiente e menos talentoso o faria), mas pelo contrário, apresenta um resultado coeso e que não peca pelo excesso (e nem pela falta) de drama. É melhor que "Elefante", seu clássico? Não, mas dá dignidade a personagens adolescentes que, em outros filmes, sofrem pela falta de inteligência, maturidade e pelo vazio de suas histórias.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Gilberto Gil Lançará Disco com Sucessos do Rei do Baião.

Será lançado em 11 de Julho, "Gilberto Gil Canta Luiz Gonzaga", disco produzido por Marcelo Fróes em que Gil homenageia a grande obra do "Rei do Baião". O álbum será editado pela Warner Music e contará com 14 músicas, basicamente as mais famosas de Luiz Gonzaga, como "Vem Morena", "Qui Nem Jiló", "O Xote das Meninas" e "Asa Branca".

domingo, 1 de julho de 2012

Resenha de Disco: Michael Kiwanuka Prova Mais Uma Vez o Talento do Reino Unido Para a Soul Music.

O Reino Unido recentemente tem sido o celeiro de grandes nomes da soul music: Joss Stone, Amy Winehouse, Duffy, Adele e Emeli Sandé são alguns dos talentos que atravessaram as fronteiras da ilha e conquistaram o mundo com a música tipicamente norte americana. Em janeiro desse ano, Michael Kiwanuka entrou na famosa lista da BBC Sound of 2012 como uma das promessas musicais do ano. Já em março, o jovem do norte de Londres, que tocou com Adele em 2011 na turnê da cantora, lançou seu primeiro disco, "Home Again", que para muitos já é considerada uma obra - prima do gênero. Explico: se algum desavisado ouvir o álbum sem saber ao certo quem é o artista, sem dúvida alguma pensará que se trata da remasterização de um álbum perdido da década de 60. A voz de Kiwanuka, os instrumentos, o clima do disco e a naturalidade dessa mistura são tão fiéis à soul music seiscentista a ponto do artista parecer ter vindo diretamente do passado para o presente. Nesse "retorno", o cantor nos apresenta um álbum que em alguns momentos pode fazer lembrar Bob Dylan, mas a grande influência de Michael é o legado de Ottis Redding, astro da soul music americana conhecido por suas interpretações passionais que partiu cedo demais, vítima de um acidente de avião em 1967, no começo do seu sucesso. Enquanto os atuais nomes de sucesso que carregam esse estilo em suas músicas, apresentam características dos grandes clássicos, mas dialogam claramente com o som contemporâneo, Michael Kiwanuka não segue o mesmo caminho e o seu "Home Again", com pérolas como "Tell me a Tale" (música que abre o disco em grande estilo) e "Any Day Will do Fine", parecem terem sido gravadas na década de 60, quando pesos pesados da soul music ainda estavam entre nós. Excelente pedida para os amantes, ou não, do estilo.

Resenha escrita por Rafael Tavares.