segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Resenha de Disco: "Praianos", Disco de Fernanda Cabral, Faz Jus ao Nome e Tem Clima Leve de Litoral.

O balanço do mar. A maresia, a jangada, os pescadores. Tudo isso, de alguma forma, está presente no disco "Praianos", de Fernanda Cabral. O litoral brasileiro está em cada letra e som, mas não o litoral agitado das grandes capitais litorâneas, mas sim aqueles que banham cidades pequenas, praticamente inabitadas, de gente tranquila, onde o tempo parece passar mais devagar, fazendo charme. A voz doce de Fernanda embala as 15 faixas do disco como o movimento do mar embala os barcos que se perdem no horizonte. Como o tempo de cidades pequenas, "Praianos" é um disco sem pressa, simples, de pé no chão. O mais interessante é saber que Fernanda Cabral nasceu longe do mar, em Brasília. Apesar de ser seu primeiro disco autoral, a cantora já cruzou oceanos e se apresentou pela Europa e no Japão, participando de festivais e tocando na "Blue Note", de Tóquio. Do total de 15 faixas, destacam-se a bela canção que dá título ao álbum, "Horizontes", "Monteiro Lobato" e "Baião de Nós". Em "Praianos", Fernanda Cabral mostra que a boa música popular brasileira está viva e atuante.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A História do Rei do Baião Chega Sexta-Feira, Dia 26 de Outubro, aos Cinemas de Todo o País.

Estreia sexta-feira, em circuito nacional, o filme que narra a dura (e cinematrográfica) trajetória de um dos maiores nomes da música brasileira, Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião". Dirigido por Breno Silveira, diretor por trás de "À Beira do Abismo" e "Dois Filhos de Francisco", um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional, que levou para a tela grande a história da dupla Zezé di Camargo e Luciano. O ponto de partida de "Gonzaga - De Pai Para Filho" é um "acerto de contas" entre Luiz Gonzaga e seu filho, o também músico Gonzaguinha, outro grande nome e um dos principais compositores da nossa MPB. O filme abriu o "Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro" e saiu aclamado pelo crítica e pelo público. Não é a primeira vez que Breno Silveira apresenta uma cinebiografia contada através da relação entre pais e filhos. "Dois Filhos de Francisco" narra a vida e o sucesso da dupla Zezé di Camargo e Luciano através dos esforços de seu pai, o Francisco do título, interpretado por Ângelo Antônio, para alçá-los ao sucesso. Agora, "Gonzaga - De Pai Para Filho" promete repetir o sucesso de "Dois Filhos de Francisco" e já é considerado um dos maiores lançamentos nacionais de 2012. Uma boa pedida para os amantes do cinema e da música brasileira.

Por Rafael Tavares.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Resenha de Disco: Com "Memoirs", Rox Faz o Retrô Soar Cada Vez Mais Contemporâneo.

Roxanne Tataei, mais conhecida como Rox, é uma cantora filha de mãe jamaicana e pai iraniano, criada em Londres, que hoje é considerado praticamente um reduto de novas cantoras de Soul Music. Rox tem Sade e Lauryn Hill como referência, e realmente costuma ser comparada a elas, bem como a outras cantoras como Alicia Keys, mas é artista que rejeita rótulos, pois tem seu jeito único de fazer música, com sua voz límpida e um forte sotaque britânico, tendo sido festejada pela crítica com o lançamento de seu primeiro álbum, "Memoirs", em 2010, cuja música "My Baby Left Me" fez relativo sucesso no Reino Unido. O disco passeia pela antiga Motown em "No Going Back" (na minha opinião, a melhor do disco), pelo blues, soul e ainda arrisca uma pegada mais reggae em "Breakfest in Bed", ainda que grande parte das músicas nos remeta ao universo de Amy Winehouse e as cantoras que beberam dessa fonte. Rox já excursionou pelo Brasil, tendo feito shows no último Summer Soul Festival, marcado por sensualidade e grande presença de palco. Porém, do Festival, Rox era uma das menos conhecidas, já que ao seu lado estavam nomes como Florence and The Machine, Bruno Mars e Dionne Bromfield, famosa por ser a "afilhada" de Amy Winehouse. "Oh My" e "Forever Always Wishing" são outros grandes destaques do seu disco de estreia, pontuado por grandes pérolas, que além de fazer o retrô soar contemporâneo, nos deixa ansiosos por novos lançamentos dessa que é, sem sombra de dúvida, uma grande cantora.

Resenha escrita por André Ciribeli.

domingo, 21 de outubro de 2012

Resenha de Livro: A Metalinguagem Mágica de "A Sombra do Vento".

Lendo "A Sombra do Vento", do espanhol Carlos Ruiz Zafón, fiz uma grande descoberta (pelo menos para mim), para amantes de literatura, ler livros que falam sobre livros é tarefa mais divertida do que o ato de ler naturalmente já é. Lançado em 2001, o livro ambienta-se na Barcelona de 1945 e começa quando Daniel Sempere, com 11 anos, é levado por seu pai a um misterioso local no coração da cidade, "O Cemitério de Livros Esquecidos".Nas suas infinitas galerias, Daniel encontra um livro obscuro de Julian Carax, chamado "A Sombra do Vento", que traz, dentro de suas páginas, uma nuvem de mistérios, a começar pelo fato de que uma estranha criatura, saída dos livros de Carax, deseja destruir todos os exemplares da obra de seu criador. Misturando suspense, realismo fantástico em bases de romance histórico, Zafón cria uma atmosfera digna dos grandes clássicos do horror tendo como pano de fundo o período em que a Espanha esteve sob as forças do General Franco. Nesse contexto, um dos grandes méritos de Zafón é criar uma obra densa e ao mesmo tempo deliciosa e instigante. Ao colocar um livro, e assim toda a literatura, como o centro de sua obra, o autor presta uma grande homenagem à arte de contar histórias. "A Sombra do Vento" ainda encanta pela prosa e riqueza de detalhes do período, incluindo citações de personagens e situações reais para dar ainda mais dimensão ao período retratado. Se você é amante de livros, vai se apaixonar por essa narrativa histórica sobre amor, amadurecimento e, principalmente, sobre a magia dos livros.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Para a Rolling Stone Brasil, Tim Maia e Elis Regina São as Maiores Vozes Brasileiras.

Para a sua edição de outubro, a Revista Rolling Stone fez uma lista com as 100 mais importantes vozes da música brasileira. Nela estão nomes "históricos" como Milton Nascimento, Gal Costa, Maria Bethânia e também artistas mais recentes, como Tulipa Ruiz e Céu. Mas, para os colaboradores da revista que idealizaram a lista, os primeiros lugares ficam com Tim Maia e Elis Regina. Tim é até hoje o principal  nome da Soul Music nacional. Já Elis, que atualmente é homenageada na turnê de sua filha Maria Rita, que canta sucessos de sua mãe, sempre foi considerada a maior intérprete de nosso país. Portanto, não há novidade nem surpresa na lista. O interessante, e que poderá ser visto na revista que chega às bancas, são os textos que definem os listados, escritos por outros grandes nomes da MPB.

Por Rafael Tavares.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Adele Lança "Skyfall", Trilha do Novo Filme do Agente 007.

A cantora Adele foi a escolhida para interpretar a canção-tema do novo filme de James Bond, "Skyfall". A música, de mesmo nome, já foi lançada na internet e fará parte da abertura do filme, como já é de costume. Já é costume da série chamar grandes nomes da música internacional para cantarem a trilha das aventuras de James Bond, todas elas apresentadas nas já clássicas aberturas dos filmes. Já tiveram o privilégio Alicia Keys e Jack White, Madonna, Paul McCartney, Nancy Sinatra, Louis Armstrong. A série 007 é a mais longeva da história do cinema. O primeiro filme "007 Contra o Satânico Dr. No" chegou aos cinemas em 1962. Desde então, o agente secreto britânico já foi interpretado por seis atores. Em 2012, Daniel Craig dá vida a James Bond pela terceira vez no longa "Skyfall", que estreia no Brasil em 26 de outubro. Na internet, a música já se encontra disponível.

Por Rafael Tavares.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Christina Aguilera Se Prepara Para Lançar "Lótus", Seu Próximo Disco de Estúdio.

Carismática e dona de uma voz potente, Christina Aguilera, que figura no hall das principais cantoras pop do mercado fonográfico mundial, se prepara para lançar seu próximo álbum de estúdio, intitulado "Lótus". O primeiro single, "Your Body" já foi lançado e atualmente não conta com bom desempenho nos charts. Muitos acreditam que isso se deve ao contrato que a cantora tem com a NBC, participando do programa "The Voice", o que a impede de divulgar a música em outras redes de televisão. Amparada por um grande time de produtores, Christina tenta apagar o péssimo desempenho de seu último álbum, "Bionic", que foi considerado um fracasso comercial. Contudo, devemos lembrar que é da cantora um dos discos mais sensacionais dos últimos tempos, no caso, "Back to Basics", lançado em 2006, é um álbum duplo em que Christina resgata sonoridades de décadas passadas, prestando uma belíssima homenagem aos grandes nomes do soul e do jazz, resultando em um trabalho sofisticado, com uma voz poderosa e letras inteligentes, mesclando batidas dançantes, elementos circenses e ar retrô, tudo bastante sensual. Já com "Lótus", que será lançado oficialmente no dia 13 de novembro e contará com a participação do cantor Cee Lo Green, parceiro de Christina no "The Voice", a cantora prepara sua volta e esperamos que seja em grande estilo.

Por André Ciribeli.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Resenha de Disco: "The Greatest", a Obra-Prima de Cat Power.

Dizem que quanto mais envelhecem os vinhos, melhores eles ficam. Na música, se não ficam melhores, aqueles grandes discos, pelo menos, não perdem a grandeza. É o caso do "The Greatest", disco lançado por Cat Power no já longínguo 2006 e que quanto mais se ouve, melhor fica. Cat Power serve de codinome pra cantora e multi-instrumentista norte-americana Chan Marshal, que consolidou sua carreira de uma maneira bem peculiar, longe do circo midiático. Aliás, por um tempo, Chan desistiu da carreira e foi levar uma vida bucólica em sua fazenda no interior. Por essa e por outras (Chan também passou um tempo em uma clínica de reabilitação) ela lançou pouco. Mas desse pouco mel produzido, quase todo ele é geleia real. E por geleia real entende-se "The Greatest", um disco sublime, uma delicada mistura entre o indie, o folk e o soul, e tudo isso tendo como a cereja em cima do bolo a voz rouca e aveludada de Marshal. A verdade é que tudo nesse disco funciona. A voz, os arranjos, os temas. Tudo está ali à disposição de Chan para criar um disco-clima inesquecível. A canção título, que fez parte da trilha sonora do filme "Um Beijo Roubado" (onde Chan fez uma pontinha que ofuscou Jude Law), pode ser incluída sem medo em uma lista de canções mais bonitas de todos os tempos, sem exagero. A segunda faixa do disco, "Living Proof" (também em "Um Beijo Roubado), é outra que merece constar na lista de melhores. Outros destaques são "Willie", "Live in Bars" e claro, todas as outras músicas presentes no disco. Trocando em miúdos, "The Greatest" é um daqueles discos que daqui a cinquenta anos ainda será ouvido e indicado. Uma pedra fundamental da música.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Filme "O Palhaço", de Selton Mello, Vai Disputar Indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

O filme "O Palhaço", dirigido e estrelado por Selton Mello, foi o indicado brasileiro para concorrer na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar 2013, tendo ganhado de filmes como "Histórias Que Só Existem Quando Lembradas", "2 Coelhos", "O Carteiro", "Billi Pig", entre outros. Benjamim, ou Pangaré (Selton Mello) interpreta um palhaço que ajuda a administrar um circo que pertence ao seu pai (Paulo José, em excelente interpretação) que também atua como palhaço, embora sempre haja desavenças entre os dois. Com crise de identidade e pouco à vontade no picadeiro, ele é dono de uma tristeza que o impede até de sorrir, sempre com a sensação de vazio, como se lhe faltasse algo. O filme é dotado de profunda melancolia e sensibilidade, com belíssima direção de arte, ele explora o universo circense e a vida de cada um que dele faz parte. Grande sucesso de público,"O Palhaço" também foi elogiado por boa parte da crítica especializada, embora muitos afirmaram que o filme mais parece um curta-metragem. Realmente, o filme dá inúmeras voltas para parar sempre no mesmo lugar, mas é inegável que ali existe uma bela poesia, emocionante e singela. Já selecionado, o filme agora será exibido nos Estados Unidos e precisará de uma forte campanha para conquistar os votantes. Difícil dizer se foi uma escolha acertada, ainda mais que o filme concorrerá com adversários de peso, como a comédia francesa "Intocáveis" e o austríaco "Amour", vencedor em Cannes. Se a indicação foi boa ou não, fica aqui a nossa torcida.

Por André Ciribeli.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Universo de Kubrick ao Vivo em São Paulo.

Os fãs de Stanley Kubrick já podem iniciar a contagem regressiva. Em 2013, o MIS (Museu da Imagem e do Som) trará para o Brasil uma exposição com objetos de cenas dos filmes do aclamado diretor inglês, nome por trás dos clássicos, "2001: Uma Odisséia no Espaço" e "Laranja Mecânica". Fazem parte da exposição figurinos, maquetes, adereços, fotografias, scripts e muitos outros documentos utilizados por Kubrick para a realização de seus filmes. Virão para o Brasil, entre outras peças, o figurino das irmãs gêmeas de "O Iluminado" e as máscaras de "De Olhos Bem Fechados", seu último filme. A data de abertura ainda não foi divulgada e a exposição já passou pela Bélgica, Alemanha, Itália, Suíça e Austrália. O "Museu da Imagem e do Som" fica na Zona Oeste de São Paulo.

Por Rafael Tavares.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Resenha de Filme: Documentário "Doces Bárbaros" Mostra Uma das Fases Mais Criativas de Monumentos da MPB.

Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia. Hoje esses nomes representam lendas vivas, monumentos históricos e paradas obrigatórias da MPB. A geração dos anos 2000 pode questionar quais motivos levaram esses quatro baianos ao topo da cadeia alimentar da nossa música. Uma das possíveis respostas está no documentário "Os Doces Bárbaros", que relembra um dos momentos fundamentais da história nacional, que é a reunião desses quatro grandes na banda que dá título ao filme. Sim, o que é bom separado já esteve junto. E foi melhor ainda. Para nossa sorte, esse encontro deu origem a um compacto duplo e também a um documentário, relançado em 2004 com cenas inéditas e com som totalmente remasterizado. Os "Doces Bárbaros" passaram pelo Brasil como um cometa. O ano era 1976 e o que se vê na tela (e nas músicas do grupo) eram os ideais de liberdade e psicodelia que dominaram a década de 70, época em que o Brasil vivia o momento mais repressor dos anos de chumbo. A princípio, o grupo não foi tão bem recebido por fugir da MPB militante que lutava contra o sistema, mas hoje, mais de 30 anos depois do lançamento do documentário, o que se percebe é que aquele momento registrado no tempo foi um dos mais criativos desses grandes artistas e, principalmente, de nossa música. O documentário "Os Doces Bárbaros" registra a turnê desse grupo que levava liberdade para os palcos de um país acorrentado pelos militares e, ao retratar a música de uma geração de artistas, mostrou a maior ferida do Brasil no período, a Ditadura. Mais do que o registro de um show, esse documentário é um registro de um tempo. No palco, o grupo oferece ao público um misto de cumplicidade e divertimento daqueles quatro integrantes por estarem ali. Dá pra ver nos olhos de cada um deles a amizade e o prazer típicos da juventude. De todas as canções é impossível não escolher a interpretação de uma jovem Maria Bethânia para "Um Índio", apesar de todo o espetáculo ser digno de aplausos. Mas, o melhor de tudo é constatar que os "Doces Bárbaros" ainda são contemporâneos, não perderam o prazo de validade e estão presentes em diferentes artistas da nova geração. E é isso que define um grande artista.

Resenha escrita por Rafael Tavares.