segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Resenha de Filme: Documentário "Doces Bárbaros" Mostra Uma das Fases Mais Criativas de Monumentos da MPB.

Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia. Hoje esses nomes representam lendas vivas, monumentos históricos e paradas obrigatórias da MPB. A geração dos anos 2000 pode questionar quais motivos levaram esses quatro baianos ao topo da cadeia alimentar da nossa música. Uma das possíveis respostas está no documentário "Os Doces Bárbaros", que relembra um dos momentos fundamentais da história nacional, que é a reunião desses quatro grandes na banda que dá título ao filme. Sim, o que é bom separado já esteve junto. E foi melhor ainda. Para nossa sorte, esse encontro deu origem a um compacto duplo e também a um documentário, relançado em 2004 com cenas inéditas e com som totalmente remasterizado. Os "Doces Bárbaros" passaram pelo Brasil como um cometa. O ano era 1976 e o que se vê na tela (e nas músicas do grupo) eram os ideais de liberdade e psicodelia que dominaram a década de 70, época em que o Brasil vivia o momento mais repressor dos anos de chumbo. A princípio, o grupo não foi tão bem recebido por fugir da MPB militante que lutava contra o sistema, mas hoje, mais de 30 anos depois do lançamento do documentário, o que se percebe é que aquele momento registrado no tempo foi um dos mais criativos desses grandes artistas e, principalmente, de nossa música. O documentário "Os Doces Bárbaros" registra a turnê desse grupo que levava liberdade para os palcos de um país acorrentado pelos militares e, ao retratar a música de uma geração de artistas, mostrou a maior ferida do Brasil no período, a Ditadura. Mais do que o registro de um show, esse documentário é um registro de um tempo. No palco, o grupo oferece ao público um misto de cumplicidade e divertimento daqueles quatro integrantes por estarem ali. Dá pra ver nos olhos de cada um deles a amizade e o prazer típicos da juventude. De todas as canções é impossível não escolher a interpretação de uma jovem Maria Bethânia para "Um Índio", apesar de todo o espetáculo ser digno de aplausos. Mas, o melhor de tudo é constatar que os "Doces Bárbaros" ainda são contemporâneos, não perderam o prazo de validade e estão presentes em diferentes artistas da nova geração. E é isso que define um grande artista.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

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