terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Resenha de Disco: "A Tribute to Caetano Veloso" Vence Riscos Comuns a Discos de Homenagens e Reverencia Caetano Sem Ser Piegas.

Há certo perigo em se fazer um disco tributo ou greatest hits. Pode-se pecar pela falta ou pela obviedade, pode ser simplório ou nem de longe oferecer um panorama justo sobre a obra do artista. Agora, imagina se esse artista for um daqueles que atuaram como divisor de águas inúmeras vezes e que, com 70 anos de idade ainda produza obras relevantes. É o caso de "A Tribute to Caetano Veloso", um disco-bomba-relógio que, ainda bem, contornam os perigos do caminho citados acima e faz uma bela homenagem, sem ser piegas, a um dos nomes mais emblemáticos da música brasileira. Lançado para comemorar os 70 anos completados em 2012 por Caetano, o tributo está longe de ser um simples greatest hits, que na maioria das vezes soa como disco-caça-níquel e que, nem de longe, reverenciam o homenageado. E o álbum começa acertando por aí. Amontar grandes clássicos de Caetano Veloso em um disco seria o caminho fácil para homenageá-lo e não seria a homenagem ideal para um artista que é conhecido por se reinventar e por reverenciar pouco o passado. Caetano, no alto de suas sete décadas, ainda produz, compõe e lança discos (acaba de lançar "Abraçaço" com a banda Cê e compor um disco inteiro para Gal cantar). No final das contas, um simples greatest hits, no caso de Caetano, seria um insulto. Outro acerto da compilação é valorizar o Caetano compositor, colocando novos nomes da música brasileira e internacional para interpretar suas canções: isso mostra a importância dele para o mercado, já que a cada dez músicos brasileiros, ao menos nove ouviram Caetano em sua formação. Colocar essa nova MPB pra cantar prova, ainda, que as músicas de Caetano nunca deixaram de ser atuais e pertinentes. Coisa de artista de qualidade: nunca morrem nem perdem a validade. Claro que, para completar a beleza do disco, vale ressaltar que, sem o talento desses jovens músicos, ele não teria dado certo. A versão para "Eclipse Oculto" de Céu é uma delícia de ouvir, Momo esbanja sentimento em "Alguém Cantando", além das versões de The Magic Number e Tulipa Ruiz, pra não prolongar demais. Na minha humilde opinião, Caetano deve ter ficado feliz com o tributo, pois longe de ser tratado como relíquia da música, preso dentro de um vidro para uma simples admiração. Longe disso, suas músicas são mudadas, reinventadas e experimentadas. Como deve ser e como ele mesmo o faz.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

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